Herbert Wertheim é um homem que veste muitos chapéus, dentre os quais se incluem o de optometrista americano formado pela universidade da Flórida, o da 845ª pessoa mais rica do mundo pela Forbes e o de filantropos generoso. No entanto, foi seu icônico chapéu vermelho junto com seu currículo invejável como investidor que lhe rendeu sua fama e fortuna.
Herbert Wertheim é dono de uma fortuna de U$ 3 bilhões, resultante de anos de dedicação no mercado de ações. Diferentemente das populares estratégias de compra e venda de ações dinâmicas pregadas por high frequency traders, Herbert segue a linha buy & hold (comprar e manter) quando o assunto é investimento. As empresas nas quais “Dr. Herbie”, como ficou conhecido, investe são empresas nas quais Herbie acredita no potencial. A princípio, poderíamos pensar que tal postura parece um pouco quanto ingênuo, mas por de traz do “acreditar” de Herbert existe uma tese de investimento sólida, calcada na sua experiência como empreendedor e pesquisador e na sua ávida paixão por patentes.
Uma das grandes certezas na tese de Herbert é a de que se uma empresa possui um bom portfólio de propriedade intelectual, isto é o suficiente para que seu produto continue a ter valor no longo prazo, conforme afirma Herbert em reportagem da Forbes. EM outras palavras, o interesse de Herbert não residia somente no valor presente da propriedade intelectual, mas sim no valor que esta pode representar no futuro. Essa tese foi o que fundamentou, por exemplo, seu investimento na Apple e Microsoft em suas primeiras aberturas de ações ainda na década de 80, que hoje valem U$160 milhões e U$195 milhões, respectivamente. Outros exemplos de empresas nas quais Herbert investiu segundo seu método inclui gigantes como 3M, Intel e IBM.
A avaliação de um possível novo investimento de Herbert tem como ponto de partida invariável o estudo das patentes da empresa em questão. Herbert menciona que antigamente – antes do tempo dos repositórios digitais de patentes – costumava dedicar 12 horas semanais no levantamento e investigação de patentes nas bibliotecas de patentes. Esse estudo detalhado de patentes é um fator central que informa Herbert na projeção do potencial de crescimento e valoração das empresas. Isso não significa que Herbert não considera índices econômicos, mas sim que, em contraste com investimentos mais clássicos, o método de Herbert não se fundamenta apenas nos índices econômicos. Segundo Herbert “se você gosta de algo a U$13 por ação, você também gostaria a U$12, U$11 ou U$10”. Indo ainda mais adiante, Herbert acredita que caso o valor das ações de uma empresa na qual investiu e acredita caiam, este é um bom momento para comprar mais.
Dentre os investimentos mais recentes de Herbert, se destaca o insistente investimento na GE (General Electric’s). Segundo Herbert, este investimento é de longo prazo e se encontra baseado nos mais de 126 anos de construção de uma propriedade intelectual que compreende mais de 179.000 patentes. Nessa miríade de patentes, as patentes de impressão 3D, em particular a impressão 3D de estruturas metálicas, são um conjunto que agradam particularmente Herbert. Segundo o investidor, a capacidade de geração de faturamento e efetivação de valor de tal conjunto de patentes ainda está por vir, no entanto valerá a pena aguardar pois tais patentes reservam um enorme potencial de aplicação nos mercados de construção e manufatura.
O fato de análise de patentes ocupar posição tão central na tese de investimento de Herbert evidencia a importância da propriedade intelectual para a tomada de decisão de investidores, ao mesmo tempo que aponta para a relevância de tal portfólio de patentes no sucesso de mercado das empresas que souberam construí-los. Se olharmos para outros grandes empresas, sem dúvida poderemos verificar que por de trás de seus produtos existe um portfólio sólido de patentes, como é caso da Bayer, Syngenta e GE. Não é coincidência portanto, ao contrário do que se possa pensar, que casos de empresas de sucesso e investimentos de sucesso tenham como pilar estruturante um forte portfólio de patentes.
Danilo Zampronio