Um software capaz de driblar patentes farmacêuticas

Pesquisadores da Polônia e da Coréia do Sul desenvolveram um método computadorizado que poderia ser utilizado para produzir drogas sintéticas, contornando a proteção conferida por patentes. (N.T. vide design around)

Na indústria globalizada, alguns dos segredos mais bem guardados são aqueles utilizados na fabricação de drogas e outros produtos farmacêuticos.

 “Quando iniciamos esse projeto, eu estava cético de que uma máquina seria capaz de encontrar alguma alternativa sintética – mesmo porque, drogas muito conhecidas valem zilhões de dólares, e eu estava certo de que as respectivas companhias tinham protegido esses fármacos em patentes com uma proteção tão forte que não haveria espaço para qualquer falha” disse o professor de química do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Ulsan (Coréia do Sul) e da Academia de Ciências Polonesas, Dr. Bartosz Grzybowski.

 “O que descobrimos é que, sempre existe alguma falha na proteção conferida pelas patentes, e que podemos encontrar novos caminhos retrossintéticos que contornem a proteção conferida pelas patentes”O Dr Grzybowski também é o desenvolvedor líder do software de síntese orgânica Chematica.

Essas patentes farmacêuticas protegem a propriedade intelectual de uma empresa e também inibem competidores de utilizarem algumas de suas soluções sintéticas. Estas soluções sintéticas  estão relacionadas ao aumento da pureza de uma droga, a maximização da sua produção de um mediamento e a redução dos custos de fabricação desse produto. O processo para obtenção desses elementos é demorado e requer reiterados experimentos para que seja alcançado um produto final.

Para superar as patentes em vigor, um time de pesquisadores “congelou” as porções mais importantes de cada molécula alvo, o que forçou o computador a substituir as demais partes da molécula por radicais não convencionais, com base em regras mecanicistas programadas pelos referidos pesquisadores.

Os pesquisadores testaram o software utilizando algumas drogas consagradas, como linezolida, sitagliptin e panobinostat. A linezolida é um antibiótico de último recurso; sitagliption é um medicamento para diabete; e o panobinostat é um medicamento para tratamento de câncer. Cada droga foi alcançada com níveis diferentes de dificuldade, com a depender da composição química de cada fármaco.  

Quando o programa de computador pôde ser utilizado sem restrições, ele deu como output a estrutura comercial e a síntese original. Entretanto, quando os pesquisadores designaram alguns átomos e ligações como imutáveis, o programa propôs um meio de driblar a proteção conferida pelas patentes dos referidos medicamentos.  

“Por localizar algoritimicamente as ligações chave em que as patentes se escoram e imputá-los nas árvores retro-sintéticas do Chematica, nós conseguimos gerar soluções sintéticas alternativas, alcançando um resultado bastante expressivo” diz o professor Grzybowski.

A habilidade do software de contornar patentes pode levar os químicos a alterar a forma que eles lidam com patentes e propriedade industrial.

O time de pesquisadores espera que o seu software possa ajudar companhias farmacêuticas na proteção de sua propriedade industrial e melhorar a pesquisa na área de química orgânica.

Esse trabalho ilustra os benefícios de incentivar químicos a pensar algoritimicamente e a indagarem cientistas da computação a alcançar conceitos químicos fundamentais, ao prover soluções na área de inteligência artificial que vão além do âmbito acadêmico” diz o co-autor Dr Piotr Dittw, um pesquisador da área de matemática e ciência da computação.

Iqra Farooq (European Pharmaceutical Review)

Este estudo foi publicado no Journal Cell e o atrigo transcrito acima foi publicado originalmente no seguinte link.

Traduzido por www.oconsultorempatentes.com

 

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